01/06/2013

CORPORALIDADE


Pela Sociedade Norte Americana de “Intersexo” - ISNA  




"Intersexo" é um termo geral usado para uma variedade de condições em que uma pessoa nasce com uma anatomia reprodutiva ou sexual, que não parecem se encaixar as definições típicas de sexo feminino ou masculino. Por exemplo, uma pessoa pode nascer parecendo ser do sexo feminino do lado de fora, mas tendo a maioria de sua anatomia interna tipicamente masculina. Também podem ocorrer nascimentos onde a criança pode nascer com genitais que parecem estar entre as formas típicas masculinas e femininas: uma menina pode nascer com um clitóris visivelmente grande, considerando esses padrões típicos, ou falta uma abertura vaginal, ou um menino pode nascer com um o saco escrotal não totalmente fundido de modo que se parece mais como lábios. Existe também a possibilidade de uma criança nascer com mosaicismo genético, de modo que algumas das suas células possuem cromossomos XX (informações genéticas femininas) e alguns deles têm XY (informações genéticas masculinas).

Apesar de falarmos de “intersexo” como condição do nascimento, a anatomia dos intersexuais nem sempre são encontradas no momento do nascimento. Às vezes uma pessoa não conhece a condição de “intersexo” até que ela ou ele alcance a puberdade, ou descobrir ser um adulto infértil. Algumas pessoas vivem e morrem com a anatomia “intersexual” sem que ninguém nunca tenha conhecimento, nem eles mesmos.

Afinal, quais variações da anatomia sexual são consideradas como “intersexuais”?Na prática, diferentes pessoas apresentam múltiplas respostas para essa pergunta. Isso não é surpreendente, porque não se trata de uma categoria natural. E o que isso significa? “Intersexual” é uma categoria socialmente construída.

A natureza nos presenteia com espectros da anatomia sexual: seios, pênis, clitóris, escroto, lábios, gônadas. Todas estas variam em tamanho e forma. Os então chamados cromossomos sexuais, X e Y, também podem variar um pouco, mas nas culturas humanas a categorização do sexo simplifica em masculino, feminino, e às vezes “intersexo”. Essa divisão é realizada a fim de “facilitar” as interações sociais, expressar o que sabemos e sentimos, e manter a ordem. Portanto, a natureza não decide onde a categoria de "homem" termina e onde a categoria de "intersexo" começa, ou onde começa a categoria de "intersexo" e termina a categoria de "mulheres". Quem decide somos nós, os seres humanos.

O ISNA encontrou em seus trabalhos de pesquisa que as opiniões dos médicos sobre o que deve contar como "intersexo" variam substancialmente. Alguns pensam que você tem que ter alguma ambiguidade genital, alguma diferença de forma “típica” para contar como “intersexo”, mesmo se o seu interior é, em sua maioria, de um sexo e seu exterior é na maior parte do outro. Outros pensam que o seu cérebro tem que ser exposto a uma mistura incomum de hormônios durante a gestação, no período pré-natal, para contar como “intersexo”. Desse modo, mesmo se você tenha a genitália “atípica”, você não está categorizado como “intersexual”, a menos que seu cérebro tenha experimentado desenvolvimento atípico. Ainda existem aqueles que pensam que o indivíduo deve ter os dois ovários e tecido testicular, ao mesmo tempo, para contar como “intersexo”.

O ISNA adota uma abordagem prática e pragmática para a questão: trabalha para construir um mundo livre de vergonha, sigilo e sem procedimentos cirúrgicos genitais não desejados nem consentidos para qualquer pessoa nascida com o que alguém acredita ser fora do padrão da anatomia sexual. Apesar de todas essas considerações, algumas formas de “intersexo” podem ser sinal de preocupação metabólica: se alguém pensa que pode ser “intersexual”, esse alguém deve procurar um diagnóstico e descobrir se precisa de atendimento de um profissional de saúde.





Intersexo não tem a ver com homossexualidade.
As razões ocultas para a patologização da intersexualidade e os tratamentos sugeridos, os quais são frequentemente bárbaros, são muito provavelmente resultados de homofobia. Porém não há nada em relação à intersexualidade por ela mesma que poderia levar uma pessoa a afirmar que intersexualidade e homossexualidade são as mesmas coisas, ou que estão diretamente relacionados. Existe possibilidade de haver conexão, mas as razões fisiológicas não são ainda completamente entendidas nesse momento. O que é importante entender é que muitas pessoas com condições intersexo, assim como aquelas sem tais condições, as vezes se identificam como gays ou lésbicas. Similarmente, muitos adultos intersexo consideram a questão da homossexualidade irrelevante para nossas percepções de nós mesmas. Mais e mais pessoas intersexo estão confortáveis com uma identidade de gênero intersexo, a qual sentimos ser mais precisa em descrever como percebemos nós mesmas. O modelo socialmente construído de erotismo oferecido por muitas culturas que dividem pessoas entre homossexuais e heterossexuais apaga nossas identidades. Até mesmo a bissexualidade perpetua a ideia de apenas dois gêneros pela utilização do prefixo “bi”, que significa “ambos”. Existem pessoas que são atraídas principalmente por pessoas andróginas, por mulheres “masculinas” ou homens “femininos”. E o mais importante de tudo, qual seria o sexo oposto de uma pessoa intersexo?

 Intersexo não tem a ver com gênero. (Falso)

Para muitas pessoas intersexo, gênero é a questão principal. Em vários países ao redor do mundo, não existem cirurgias pregressas para “tratar” corpos intersexo. Os problemas principais dessas pessoas baseiam-se principalmente em não serem capazes de se adequar em um gênero ou outro, ou crescer com um corpo incompatível com o gênero no qual foram criadas.
As mesmas teorias usadas para apoiar a mutilação de corpos intersexo ambos cirurgicamente e hormonalmente são baseadas em noções de gênero que tem se provado duvidosas. De acordo com as teorias frequentemente adotadas por seguidores do Dr. John Money, gênero não é interno ao indivíduo. Nós não temos prova disso. Mas temos uma pequena prova do contrário.
Intersexo não é apenas sobre nossos corpos, mas também sobre como percebemos nós mesm@s dentro desses corpos, e identidade de gênero é uma parte crucial da identidade de tod@s. Apagar a importância do gênero para a pessoa intersexo individual é reduzir aquela pessoa aos aspectos físicos de seu corpo, negligenciando a parte mais importante da equação, sua própria percepção de tal corpo e de si mesm@, em oposto a como outras o percebem.

FONTE: “What is Intersex?” adaptado de  http://www.isna.org/

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A vida é belissima, mas brevissima. Tão breve como as gotas de orvalho que aparecem na calada da noite, cintilam no amanhecer e se dissipam ao calor do sol. Cada um de nós vive um pequeno parentese do tempo. Envolvemo-nos em tantas atividades que não percebemos o misterio que cerca a existencia humana. A velhice e a infância parecem tão distantes mas são tão proximos. Num instante parece eternos, no outro uma página da história. Por ser tão breve a vida, deveriamos vivê-la com a sabedoria para sermos cada vez mais pais, educadores e profissionais inteligentes, jovens mais sábios, amigos mais afetivos. ( A. Cury)