16/04/2011

PAIS DA IGREJA? POR QUÊ?




O TERMO PAI
O termo “Pai” era atribuído pelos fiéis aos mestres e bispos da Igreja Primitiva. Surgiu devido à reverência e amor que muitos cristãos tinham pelos seus líderes religiosos dos primeiros séculos. Mais tarde, o termo é atribuído particularmente aos bispos do concílio de Nicéia, e posteriormente Gregório VII reivindicou com exclusividade o termo “papa”, ou seja, "pai dos pais”.

Com a morte do último apóstolo, João em Éfeso, termina a era apostólica, e começou um novo tempo para o cristianismo.Esse período é chamado de pós-apostólico. Para um assunto tão importante, a Igreja convocou grandes assembleias, os chamados Concílios Ecumênicos, dos quais participavam todos os bispos, que no final promulgavam suas declarações de fé.

 PAIS APOSTÓLICOS
Foram os mais antigos escritores cristãos fora do Novo Testamento. Eles conheceram de forma mais ou menos direta os apóstolos e escreveram para a edificação da Igreja, entre o primeiro e segundo século. Os mais importantes foram:

CLEMENTE DE ROMA (30-100 d.C.)
Clemente era um cristão identificado como  colaborador de Paulo mencionado em Filipenses: “E peço também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida” (Filipenses 4.3). Ele foi consagrado pelas mãos do apóstolo Pedro. Escreveu uma Epístola chamada de 1º Clemente, por volta de 95 d.C., para a igreja em Corinto. Clemente foi exilado para a península de Queronese, na área do mar Negro, foi atirado ao mar com uma âncora amarrada ao seu pescoço.

INÁCIO DE ANTIOQUIA DA SÍRIA (35-108 d.C.)
Inácio teria sido o segundo bispo de Antioquia. Foi martirizado em Roma, durante o reinado de Trajano (97-117 d.C.).  Lançado às feras no Anfitetatro romano no ano 108.

POLICARPO (69-155 d.C.)
Foi discípulo do apóstolo João, provavelmente nasceu em 70 d.C. Foi instruído pelos apóstolos e conviveu com muitos que haviam visto o Senhor. Devido a sua idade, quiseram fazê-lo negar o nome de Jesus e assim escapar com vida, ao que ele respondeu: “Eu tenho servido a Cristo por 86 anos e Ele nunca me fez nada de mal. Como posso blasfemar contra meu Rei que me salvou?”. Quando o colocaram na fogueira, dizem que o fogo não o queimou, e então seus inimigos o apunhalaram até a morte e depois o queimaram.

PAPIAS (70-140 d.C.)
Bispo de Hierápolis, Papias teria sido discípulo do apóstolo João. Escreveu uma coleção de relatos sobre ditos e feitos do Senhor e de seus discípulos, da qual restam somente pequenos fragmentos.

PAIS APOLOGISTAS
Foram aqueles que empregaram todas as suas habilidades literárias em defesa do cristianismo perante a perseguição do Estado. Geralmente este grupo se situa no segundo século, e os mais proeminentes entre eles foram:

TERTULIANO (155-220 d.C.)
Nasceu em Cartago, um dos principais centros culturais do Império Romano.   Dedicou-se ao estudo das Escrituras, e dos tratados gnósticos. Teólogo foi o principal apologista da igreja ocidental.

JUSTINO MARTIR (100-166 d.C.)
Filho de pais pagãos nascido perto da cidade de Siquém, onde passou boa parte de sua juventude numa busca filosófica atrás da verdade. Seus livros que ainda existem, oferecem informações valiosas sobre a vida da Igreja nos meados do segundo século. Foi martirizado em Roma, no ano de 166.

PAIS POLEMISTAS
Os pais desse grupo não mediram esforços para defender a fé cristã das falsas doutrinas surgidas fora e dentro da Igreja.

IRINEU (130-202 d.C.)
Da Ásia Menor, foi discípulo de Policarpo. A maior parte de sua obra desenvolveu-se no campo da literatura polêmica contra o ensino gnóstico, que acreditava na existência de um mundo distinto de Deus.

ORÍGENES (185-254 d.C.)
Foi o maior dos intérprete da antiguidade cristã. Nasceu em Alexandria, no Egito, onde foi aluno de Clemente. Ficou à frente da escola catequética por 28 anos, levando uma vida extremamente ascética e piedosa. Devido ao seu zelo, interpretou literalmente o texto de Mateus 19.12, que diz: “Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos por causa do Reino dos céus. Quem pode receber que o receba”, e mutilou-se a si mesmo. Morreu em Cesáreia durante a perseguição do imperador Décio.

CIPRIANO (200-258 d.C.)
Eleito bispo em sua cidade natal, por volta de 249 d.C. Exerceu um ministério pastoral influente produzindo vários escritos antes de ser perseguido e decapitado nos dias do imperador Valeriano. Algumas de suas obras são revisões dos escritos de Tertuliano, a quem Cipriano chamava de mestre.

PAIS PÓS-NICENOS
Entre os Concílios de Nicéia (325 e de Calcedônia (451, vários dos mais capazes Pais da Igreja Cristã desempenharam seu ministério)). Eles procuraram estudar a Bíblia em bases científicas a fim de desenvolverem o seu significado teológico. Sem dúvidas, Agostinho foi o maior deles.

JOÃO CRISÓSTOMO (347-407)
João, chamado Crisóstomo devido à sua eloquência, logo depois de sua morte, mereceu literalmente o nome de “boca-de-ouro”. Nasceu por volta de 345 numa família rica, da aristocracia de Antioquia. Após seu batismo em 386, tornou-se monge. Morreu no exílio em 407.

 EUSÉBIO DE CESARÉIA (260-340)
Um dos pais da Igreja mais amplamente estudados  é até hoje nossa melhor fonte sobre a história da Igreja durante os três primeiros século de sua existência.

JERÔNIMO (331-420)
Jerônimo, natural de Veneza, foi batizado em 360. Adotou a vida monástica, ocasião em que aprendeu o hebraico. traduziu a Bíblia para o latin conhecida como Vulgata Latina. Viveu num retiro monástico em Belém por quase 35 anos. Antes de 391, ele tinha completado a revisão do Novo Testamento latino cuidadosamente cotejado com o grego.

AGOSTINHO (354-430)
Polemista capaz, pregador talentoso, administrador episcopal competente, teólogo notável, ele criou uma filosofia cristã da história que em sua essência, continua válida até hoje. Agostinho se posicionou entre dois mundos, o mundo clássico e o novo mundo medieval. Nasceu em 354, na cidade de Tagasta, ao norte da África. Sua mãe, Mônica, dedicou a vida à sua formação e conversão à fé cristã.  Em 386, aconteceu sua crise de conversão. Um belo dia, meditando num jardim sobre a sua situação espiritual, ouviu uma voz próxima à porta que dizia: “Tome e leia”. Agostinho abriu sua Bíblia em Romanos 13.13-14, cuja leitura trouxe-lhe a luz que sua alma não havia conseguido encontrar. Separou-se de sua concubina e abandonou sua profissão de retórica. Sua mãe que tanto orara por sua conversão, morreu logo depois do seu batismo. De volta a Cartago, foi ordenado sacerdote em 391. A obra mais conhecida de sua lavra sejam as Confissões, uma das maiores obras autobiográficas de todos os tempos.




Fonte:
Modulo 4 de Teologia da FTB
História da Igreja Cristã - Editora Vida 
O Cristianismo Através dos Séculos - Editora Vida Nova

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A vida é belissima, mas brevissima. Tão breve como as gotas de orvalho que aparecem na calada da noite, cintilam no amanhecer e se dissipam ao calor do sol. Cada um de nós vive um pequeno parentese do tempo. Envolvemo-nos em tantas atividades que não percebemos o misterio que cerca a existencia humana. A velhice e a infância parecem tão distantes mas são tão proximos. Num instante parece eternos, no outro uma página da história. Por ser tão breve a vida, deveriamos vivê-la com a sabedoria para sermos cada vez mais pais, educadores e profissionais inteligentes, jovens mais sábios, amigos mais afetivos. ( A. Cury)