29/07/2011

Como surgiu o calendário





Se cada um tivesse a sua própria maneira de contar os dias, o mundo seria uma loucura! Por isso, é impossível imaginar a nossa vida sem o calendário. Mas, como será que ele surgiu? Um dos primeiros calendários de que se tem notícia é o romano, embora o homem já tivesse meios de se orientar no tempo antes disso. Diz a lenda que ele foi criado por Rómulo, primeiro rei de Roma, no ano 735 a.c.
O calendário romano baseava-se no ciclo lunar e tinha 304 dias divididos em 10 meses seis com 30 dias e quatro com 31. Foi Rómulo quem nomeou os primeiros quatro meses do calendário romano de martius, aprilis, maius e junius. Os meses seguintes foram simplesmente contados em latim: quintilis, sextilis, septembre, octobre, novembre e decembre.
Como esse calendário não estava alinhado com as estações do ano, que duram cerca de 91 dias cada uma, por volta do ano 700 a.c., o rei Numa, que sucedeu Rómulo no trono, decidiu criar mais dois meses: janus e februarius. Embora as estações estejam ligadas ao ciclo solar, o novo calendário romano continuou a seguir o ciclo lunar, mas passou a ter 354 dias (seis meses de 30 dias e seis de 29).
Durante o império de Júlio César, por volta do ano 46 a.c., o calendário sofreu mais mudanças. Os senadores romanos mudaram o nome do mês quintilius para Julius, para homenagear o imperador. O calendário passou a orientar-se pelo ciclo solar, com 365 dias e 6 horas. O chamado calendário juliano foi uma tentativa de entrar em sintonia com as estações.
Foi criada uma rotina em que por três anos seguidos o calendário deveria ter 365 dias. No quarto ano, ele passaria a ter 366 dias, pois, após quatro anos, as 6 horas que sobravam do ciclo solar somavam 24 horas, isto é; mais um dia. Estava estabelecido o ano bissexto. Além dos meses alternados de 31 e 30 dias, excepto fevereiro, que tinha 29 dias ou 30 em anos bissextos, passou-se a considerar janeiro, e não março, o primeiro mês do ano.
Mais tarde, quando o mês sextilius passou a ser chamado de Augustus, decidiu-se que o mês em homenagem ao imperador Augusto não poderia ter menos dias que o mês dedicado a Júlio César. Um dia de februarius foi então transferido para Augustus  por isso hoje o mês de fevereiro tem 28 dias ou 29 em anos bissextos. Para evitar que houvesse três meses seguidos com 31 dias, o total de dias dos meses de septembre a decembre foi trocado: setembro e novembro ficaram com 30 dias, outubro e dezembro com 31.
No fim do século 16 descobriu-se que o ciclo solar não tinha 365 dias e 6 horas redondas mas 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 16 segundos. Com alguns ajustes, passou a vigorar o calendário gregoriano introduzido por ordem do papa Gregório XIII, usado hoje em quase todo o mundo. Só que os astrónomos do nosso tempo concluíram que, na verdade, o ano tem 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46,04 segundos. Mais uma pequena mudança, só são bissextos os anos de mudança de século que divididos por 9 tenham resto igual a 2 ou 6  por isso o ano 2000 foi bissexto e chegamos ao modelo atual de calendário.
E assim vamos contando o nosso tempo...

Sugestões para leitura:
ASSAFIN, M. SALDANHA, A. Calendários. Observatório Nacional, Rio de Janeiro, 1989.
DONATO, H. História do calendário. Universidade de São Paulo, São Paulo, 1976.
KAUSE, A. Astronomia para todos. Iberia, 1944.
LOBO, A. M. Ciência atraente e recreativa. volume 5, Rio de Janeiro.
ENCICLOPÉDIA Mirador Internacional. São Paulo / Rio de Janeiro, 1983.